18 de jan. de 2014

Avião de papel

wanderer

Correr devia ser uma atividade relaxante. Costuma ser, pelo menos. Mas a diferença de correr em uma velocidade livre, sem sons, perto de um parque ou praia, e em uma academia lotada, em cima de uma esteira a uma velocidade constante de 9.2Km/h era muito grande. Era impossível para mim conduzir o estresse típico para as panturrilhas e simplesmente queimá-las durante aqueles longos quinze minutos. Ao invés disso, sentia um pedaço do tamanho de uma bola de golfe dentro da minha cabeça chacoalhar. E isso não era lá muito agradável. Era aquela mesma tecla martelando na minha cabeça desde que pisei em casa semana passada. Voltei sem voltar. E estava destinada, com o resto dos reles mortais, a continuar seguindo em frente. A 9.2 ou 2.9. Não importa.
Mas essa bola de golfe na minha cabeça vinha sendo fritada a cada janeiro. Nunca engoli aquela historia do recomeço, tanto quanto nunca engoli a do coelhinho da Páscoa. Ano novo não é vida nova. É mais um tipo de pit stop. Você pára, abastece e segue a estrada. Até seus pneus ficarem carecas e o motorista precisar tirar uma soneca. Uma corrida infinita, sem vencedores.  Me dói muito pensar que não tem como fugir disso. Pior que estar preso a uma cultura é estar preso a algo presente em todas as culturas. Não dá nem para cogitar uma possibilidade.
A possibilidade, nada mais seria do  que um aviãozinho de papel. Uma folha imaculada e supostamente perfeita foi remodelada para um padrão que alcance um breve voo. Bom, e acho que esse realmente é o máximo que possamos atingir. Nem o mais forte impulso nos leva para longe de casa. E uma garoa já pode nos destruir.
É realmente uma droga pensar por esse ponto de vista. Que mesmo dobrados pelas mãos mais hábeis e lançados com a maior força pode nos mandar para o infinito. Sequer perto. E eu voltaria a ser uma bolinha amassada, rolando de volta para casa.
E depois dos quinze minutos se esgotarem e eu me sentar no chão o mais ofegante que uma pessoa pode chegar, estendi o braço tremulo em direção a minha garrafa d'água laranja tradicional. Dei um belo gole, fazendo pausas para respirar e encostando-a em minha testa. Suspirei. 
Talvez seja menos pior pensar nessa condenação dos pneus carecas como um tipo de desafio. Mas desafiar a mim mesma. Não há vencedores, não é? Ao competir consigo mesmo, não ganha quem fizer melhor. Ganha se fizer com vontade. Ganham todos os que aproveitarem de verdade. E mesmo que não alcancemos o infinito, não vou me poupar de tentar. E até projetar meu próprio infinito por aqui mesmo. Não sei sobre você, mas o meu vai ser fantástico. Até se for para acabar como uma bolinha amassada. Elas também merecem um futuro.

2 comentários:

  1. Que texto viu? Poh Amanda, assim você humilha os meus :(
    Ah, tem uma tag para você lá no meu blog!

    Beijos
    http://ignorantesedoces.blogspot.com.br/

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