13 de fev. de 2013

Ressaca emocional, ou algo do tipo

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Estava exausta demais para conseguir me mexer. Tentei e com um leve prejuízo causado por algumas dores aleatórias, reparei que tinha adormecido no sofá com um livro marcado pela mão esquerda. Uma de suas pontas estava espetando meu ombro esquerdo e preguiçosamente, ignorando as novas dores que surgiam a cada movimento, me sentei. Estava tonta e a janela tremia, fazendo um barulho irritante. Abri uma fresta da persiana e concluí que hoje não era um bom dia para levantar. Quer dizer, para qualquer um era um dia bonito e ensolarado, ótimo para ir para o clube ou sair com os amigos, mas eu ainda estava remoendo a ausência dos meus quando meu cachorro latiu para algumas pessoas caminhando na rua.
Por um momento, tudo o que eu gosto parecia ser insuportavelmente idiota. Nenhuma música ou nenhum doce melhoraria meu humor. Por dentro, eu estava sentada debaixo de uma mesa com os braços segurando as pernas, vegetando. Planejando minha mudança pra alguma montanha isolada do mundo ou sei lá. Aproveitei e refiz meu conceito se ressaca moral. Um bom jeito de começar o ano, revivendo e remoendo suas besteiras das ultimas semanas (ou até de dois anos atrás)! Pra mim, essa era a tal da ressaca. Quem não aguentava, ia pegar alguma coisa em seu estoque de bebidas ou cigarros pra se entorpecer um pouco pra depois ter uma ressaca residual.  Mas tanto faz.
Bocejei pela terceira vez e senti um aperto no peito, estômago e sei lá o que mais que me fez ter uma breve vontade de chorar, mas a única coisa que saiu foi um projeto de lágrima com mais um bocejo. Fiz uma lista mental de todos os meus amigos e notei que nenhum deles era confiável o bastante para me ouvir falar sobre qualquer coisa pessoal. Provavelmente iriam rir, ou contar para seus amigos sobre a idiota que eu sou.
O telefone tocou e me acordou dos meus lamentos estúpidos. Tive que pigarrear para tentar normalizar minha voz o máximo possível para atender, e foram os primeiros 14 segundos do dia em que conversei com alguém, mesmo que fosse mais de meio dia e eu estivesse acordada a horas. Sou mesmo uma grande covarde.
Resolvi que respirar um ar menos denso seria o mais inteligente a se fazer no momento. Tomei um jato de água fria, prendi meu cabelo em um rabo, peguei minha menor bolsa, calcei meu all star mais velho e fui andando, só por andar mesmo. Como me lembrei depois de uns oito minutos caminhando que andar não era minha praia, me sentei na primeira sombra que vi. Abri minha bolsa e peguei uma das muitas balas de hortelã que estoco nela e fui saboreando bem devagar. Era um dia diferente, até pequenos detalhes como esse eram diferentes. Em um dia normal, teria engolido a bala sem piscar. Silenciosamente revirei a bolsa e peguei um bloco e uma caneta nanquim. O desenho que fiz para capa continha um balão de pensamento e um rabisco, e uma seta apontando do primeiro para o segundo. Em baixo, tinha escrito em letras de forma 'transforme isso em isto' e me senti na obrigação de fazê-lo.
Não percebi o tempo passar por estar totalmente absorta no desenho, e consequentemente não percebi quando um antigo amigo do meu passado se ajoelhou na minha frente com um sorriso. Não até eu ouvir um 'oi' simpático e me assustar. Quando finalmente percebi o que estava desenhando, percebi que os traços daquele desenho eram familiares ao da minha frente. Fechei o caderno.

5 comentários:

  1. Lindo texto! Eu simplesmente amo teu blog, muito bom mesmo!
    Te espero lá no meu. beijos.
    http://www.desatando-nos.com/

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  2. Que linda crônica, Amanda! Seus textos são fantásticos.

    Beijos!
    www.oh-star.org (atualizado, passa lá!)

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  3. Engraçado como em alguns momentos do texto eu me vi em várias cenas desse próprio feriadão! É tão bom escrever e passar o que a gente sente assim sem querer!
    Adorei, cada dia seus textos estão melhores e melhores!
    Beijos,
    Vivi Becker
    http://maniadeguria.com.br

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  4. Comecei a me ver no seu texto. Absolutamente lindo. As vezes está tudo tão diferente dentro da gente...

    Bjoss

    http://monopapo.blogspot.com.br/

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  5. Que lindo! Às vezes algumas ressacas emocionais são tão insuportáveis e atormentantes. Mas nos fazem pensar um pouquinho, o que provavelmente é o único lado bom... Super legal :)
    Beijos♥
    http://menina-do-sol.blogspot.com.br/

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