31 de mar. de 2014

Primeira Guerra Mundial só virou primeira depois da segunda | Crônica


Quando eu choro (minha raridade cada vez mais frequente), costumo parar de respirar às vezes. Pra ficar mais quieta. Pra fazer silêncio e não incomodar ninguém. É automático até. Não incomode, não se mexa, não fale, não respire. Ou só pra curtir o remorso sozinha. Tanto faz. Posso chorar por alguma coisa que aconteceu comigo ou poderia acontecer, saudade do que (ou quem) passou ou do que nem passou. Mas como eu queria que tivesse passado.
Porque parece que sou perseguida pelo mesmo nome. De novo. Um nome que nunca fez questão de aparecer na minha vida claramente, aliás. Mas agora, nem nas minhas séries favoritas ou no Pinterest estou a salvo mais. E aquele costume de ocupar a mente parece tão vago agora. Tenho todo o material para pensar a respeito, mas o cadeado da minha cabeça oca só é compatível com uma chave oca de uma outra pessoa louca. Que bad, hein, filha?
Oi, não estou com ânimo para brigar, ou conversar, ou prestar atenção, ou desenhar, ou sair, ou ficar em casa. Na verdade, qualquer coisa parece desconfortável. Tudo me dá azia. Tomei uns calmantes e remédio pra gripe, enxaqueca, gastrite e pra remédios demais. Tentei até café amargo e suco de laranja. Mas parece que nenhum é forte o suficiente para uma cabecinha jovem no meio de (outra) uma crise.
Coloquei uma roupa bonita, passei esmalte vermelho e aquela sombra marrom. Dizem que realça meus olhos. Caprichei no rímel e no sorriso e apelei para o melhor remédio que pode afastar a nuvenzinha cinza de cima da cabeça: fotos. Tão falsas, coitada. Forçar sorriso não faz foto bonita. E foto bonita não força sorriso.
Não, não vou te contar a respeito. Primeiro porque contar dá azar. E de azar eu já transbordo. Mas não esquece de deixar um pouco de comida no canto, que já comecei a esquecer de mim. Desisti e desabei. Borrei o rímel e, dessa vez, nem liguei. Senti o ar entrar e sair fraco pelo meu nariz enquanto apertava a bochecha fofa mais forte no travesseiro. Estava com frio, estava com febre, estava com dor, estava entorpecida. E ainda tocam todas aquelas músicas que parecem fazer mais sentido quando menos poderiam. Droga de playlist me recrutando para a Terceira Guerra.
Nunca vi ninguém morrer de saudades literalmente, mas ninguém nunca tinha visto um computador antes de inventarem. E agora estamos aqui.

5 comentários:

  1. Cada dia amo mais seus textos *...*

    http://pequenamiia.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Da onde vem tanta inspiração, hein? haha Faz tempo que tento escrever mas não saí, até me animei pra escrever depois desse conto! Parabéns!! Mil beijos


    http://viivaseussonhos.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Que texto lindo! Alias, qual texto seu que não é incrível?
    Parabéns <3
    http://deargabes.com.br/

    ResponderExcluir
  4. Mortinha to eu com a crônica <3

    ResponderExcluir

© Conspirantes - 2014. Todos os direitos reservados.
Criado por: Amanda Montt.
Tecnologia do Blogger.
imagem-logoimagem-logoimagem-logo
voyeur porn porn movies sex videos hd porno video